quarta-feira, 9 de junho de 2010

Infância


Éramos felizes e não sabíamos. Por algum motivo passamos a vida inteira a esperar pelo amanhã e esquecemos o hoje… o presente é que conta… mas isso é uma lição que a grande maioria nunca pôde aprender e colocar em prática… não gosto de julgar sem antes fazer uma análise pessoal, por isso digo que faço parte dessa grande maioria e anseio um dia poder aprender o contrário.

Frases feitas não faltam:

“Viva o presente”;

“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje;

…livros de auto ajuda, gente que repete a frase mil vezes, quando no fundo elas mesmas não seguem o exemplo... já diz o ditado "faz o que te digo, não faças o que faço".

Ser humano é o ser mais imperfeito que há. Os mais racionais e mais estúpidos. Os mais inteligentes e os mais ignorantes… coisa estranha!

Ainda criança somos assim…. Éramos felizes e não sabíamos quanto. Tempo perdido a contar o dia para se tornar adulto, autónomo, alto… não sabíamos que até ser baixinho
era extraordinário. Hoje tenho desilusões quando vejo coisas que há anos atrás eram tão grandes e cativantes!
Até a montra de Natal lá da lojinha da rua desiludiu-me há anos… nunca mais vi nela nada que me cativasse… como ela era bonita e grande, tão encantada, tão brilhante, tão viciante. Foi-se! Uma vez comentei com alguém que a dona da loja desleixou-se com a montra de natal e os brinquedos que trazia, pois no meu tempo era bem melhor. A resposta veio simples e verdadeira: “Não foi nada, tu é que cresceste!” … pois é! Cresci e a montra decresceu. Tornou-se pequena, banal, nada de fenomenal.

Éramos felizes quando corríamos com os pés descalços, cabelo despenteado, melaço na boca, roupa furada e riscada, nódoas irreversíveis e estar simplesmente se “borrifando” por causa disso. Qual Skip? Qual salto alto, qual depilação, maquilhagem, briga de namorado/(a), chefe buzinando, alarme apitando, cozinhar, lavar, passar, normas de etiqueta, desilusões, depressões, insónias, falta de apetite ou apetite a mais, cabeleireiro, stress, dores de cabeça, TPM, bancos, poupanças, carteira a explodir de cartões, telemóveis, chamadas, sms's e blá blá blá. Coisa estranha…!

Diz-se que a felicidade é uma busca constante e concordo. Concordo porque no geral a felicidade nasceu connosco. Tínhamo-la adquirida quando viemos ao mundo. Com os anos ela dissipa-se a ponto de entrarmos “numa busca por ela”.

Hei de aprender isso. Hei de aprender que a “felicidade está na jornada”...se alguém disse isso é porque é verdade. A felicidade adquirida ficou lá atrás quando éramos crianças e nem sequer sabíamos. Ou se calhar até sabíamos… afinal não nos preocupávamos com isso nem entrávamos em paranóia só porque queríamos crescer e ser alto... Agora ela está no processo, na jornada, no hoje e não no amanhã. Hei de aprender... havemos de aprender!

2 comentários:

  1. Mana amei esta crónica!

    Sabes que eu penso nisso quase todos dias, de como a infância é um período extraordinário, de como vivíamos felizes, de como a vida era feita de grandes paixões, de como tudo era belo e excitante...
    Como disseste e bem, éramos felizes e nem sabíamos! Mas para mim, para sermos felizes agora nesta fase, é tentar ser feliz um dia de cada vez, tentar encontrar a felicidade todos os dias em pequenas coisas, tentar talvez de certa forma, retroceder e dar valor a pequenas coisas, assim como acontecia na nossa infância!
    Como costumo dizer, cada dia tem o seu milagre, e as vezes nós é que não o queremos ver!
    Dod na bo e obrigada por teres feito parte da minha infância de forma bem presente!

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  2. Amiga, obrigada pelo comentário :) fiquei mesmo mto feliz por teres lido, gostado e concordado. obrigada tb por teres feito parte da minha infância e por ainda existires na minha vida adulta... por fazeres sempre parte dos meus dias, mesmo estando longe. és parte de mim :)
    um beijinho com muitas saudades!!!

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